ÁFRICA DEVE USAR ABRANDAMENTO DA ECONOMIA PARA APROFUNDAR REFORMAS -- BM

13-04-2015 21:17

O Banco Mundial (BM) defendeu esta segunda-feira que África deve usar a queda que a economia do continente vai sofrer como uma oportunidade para aprofundar as reformas estruturais, diversificando o setor produtivo com aposta em domínios como as manufaturas.

A necessidade de África ampliar o seu tecido económico foi enfatizado pelo economista chefe para África do BM, Francisco Ferreira, e por Punam Chuhan Pole, um dos economistas principais da instituição, durante uma videoconferência em Maputo com jornalistas de vários países africanos, para uma partilha das principais conclusões da análise bianual "Pulso de África", que mostra as tendências que a economia continental irá seguir em cada ano.

"Este ano é de grandes desafios para África, porque a sua economia sofrerá uma queda de 4,5% em 2014 para 4% este ano, mas também é uma grande oportunidade para aprofundar a transformação estrutural que o continente precisa", afirmou o brasileiro Francisco Ferreira, a partir de Washington.

Segundo o economista, os governos africanos devem converter o arrefecimento da economia numa ocasião para alargar o tecido produtivo, apostando em áreas como manufaturas, setor energético, remoção de barreiras ao comércio e infraestruturas e melhorar a rede de transportes.

"A transformação estrutural que deve ser propiciada pela queda da economia implicará que os países saiam de uma economia profundamente baseada nos recursos naturais e matérias-primas para uma base produtiva mais alargada", afirmou o economista-chefe do BM para África.

Francisco Ferreira sublinhou que o abrandamento da economia africana será mais sentida pelos principais países exportadores de petróleo, incluindo a maior economia da região, Nigéria, e também Angola, alertando para o imperativo de os ajustamentos orçamentais serem cautelosos, para não afetarem os mais pobres.

Por seu turno, Punam-Chuhan Pole adiantou que os países africanos com uma economia mais diversificada estarão mais bem preparados para conter os efeitos da queda, tirando proveito da baixa de preços de petróleo.

"África vive tempos desafiantes, uma vez que parece estar a acabar a tradição de algumas economias continentais dependerem de matérias-primas para se financiarem, por causa da acentuada queda dos preços desses recursos", afirmou o economista.

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