CLÉRIGOS MUÇULMANOS NA RAS AMEAÇADOS DE MORTE
Os clérigos muçulmanos na África do Sul estão a receber ameaças de morte por condenarem a organização terrorista do Estado Islâmico (EI).
Um dos que receberam tais ameaças é o director da madrassa Zakariyya Park, sul de Joanesburgo uma das maiores escolas religiosas muçulmanas do país.
Shabbier Ahmed Saloojee recebeu recentemente uma chamada telefónica ameaçadora depois de ele ter alertado os crentes contra o EI.
Ameaças anónimas também foram feitas a outros altos clérigos que noutros pontos do país, condenaram os actos dos militantes islâmicos no Médio Oriente, incluindo assassinatos de clérigos e destruição de sítios religiosos.
Foi uma chamada anónima, disse Saloojee. A pessoa, um cobarde, avisou-me para ter cuidado e parar de fazer o que estou a fazer. Mas eu não vou parar. Não vou ser cobarde. Não tenho medo destes sem rosto e vou continuar a denunciar.
Eu não sou o único a receber ameaças. Há alguns clérigos muçulmanos que receberam chamadas e mensagens anónimas, mas nenhum de nós vai parar de falar, disse Saloojee.
Ele revelou as ameaças alguns dias depois de uma menina de Cape Town, de 15 anos de idade, viajando para o Médio Oriente para se juntar ao EI ter sido retirada de um avião para Joanesburgo. Ela tinha um bilhete para fazer ligação para a Arábia Saudita.
Saloojee disse que em todas as suas zonas de operação o EI assassinou e mutilou clérigos islâmicos.
Eles olham-nos como sendo infiéis. Como pessoas que não merecemos viver. Existe preocupação na liderança islâmico de que o EI possa estar a tentar estender-se para a África do Sul, mas se eles tentarem alguma coisa não acreditamos que possam sobreviver por muito tempo, tal como no Iraque e na Síria.
Ele disse que semanas depois de lançarem operações no Iraque, os militantes tinham assassinado os muftis (seniores líderes religiosos islâmicos) em Mosul, Kirkuk, Fallujah e Ramada, matando alguns durante a pregação.
Para o EI, os clérigos são o alvo número um, os maiores adversários, porque pregamos que o que eles estão a fazer é contra o islão. Não agem em nome do islão ou qualquer religião. Nenhuma religião aconselha a assassinar, disse Saloojee.
Vários líderes islâmicos vão se reunir com representantes do governo para discutir o assunto do EI e outras organizações terroristas. As ameaças aos clérigos serão também matéria de discussão neste encontro.
Ibrahim Bham, do Jamiatul Ulama South Africa, um conselho de teólogos do islão, condenou as ameaças, mas disse não ter conhecimento pessoal delas.
Devemos ter em mente que a comunidade islâmica, embora largamente homogénea, tem pessoas com diferentes opiniões, tal como em qualquer comunidade. Mas haver diferentes pontos de vista não significa que se possa oprimir os outros. Nós somos completamente contra o EI e não vamos ceder a pressões. Vamos continuar a falar contra eles. Não temos medo de ameaças. Porque teríamos medo? disse Bham.
Acrescentou que o Conselho instruiu os seus membros a lerem em voz alta os seus comunicados contra o EI e a usá-los como base para os seus sermões de sexta-feira.
Na quarta-feira, 80 clérigos islâmicos e académicos que se reuniram no Muslim Judicial Council em Cape Town foram encorajados a falarem contra o EI. O porta-voz, Nebeweya Malick, disse: Eles vão transmitir a mensagem às suas comunidades sexta-feira quando fizerem os sermões do Jumauah.
O professor Farid Esak, director dos estudos religiosos na Universidade de Joanesburgo, disse não haver apoio significativo ao EI no seio dos muçulmanos na África do Sul.
Todas as instituições religiosas, organizações e seminários condenaram inequivocamente o EI, disse ele.
Esak disse suspeitar que as chamadas ameaçadoras são feitas por alguns muçulmanos, precisamente para perturbar o consenso contra o EI.
PINC NOTICIAS