ENCERAMENTO DA LIXEIRA DE HULENE DESEMPREGARÁ CATADORES DE LIXO

09-04-2015 18:16

Um estudo preliminar apresentando esta quinta-feira pelo Conselho Municipal da Cidade de Maputo (CMCM) revela que mais de 200 pessoas que vivem com base na recolha de resíduos sólidos na lixeira de Hulene, arredores da capital moçambicana, ficarão desempregadas com o encerramento daquele que é o maior depósito de lixo do país.

Segundo Gustavo Dgedge, consultor contratado pelo município, os catadores de lixo, que auferem no máximo até 10 mil meticais mensalmente (o equivalente a cerca de 300 dólares) com a venda dos resíduo, acreditam que com o encerramento da lixeira de Hulene a edilidade deverá indemniza-los. 
Por isso, com vista a evitar futuros problemas que poderão advir dessa ideia dos catadores de lixo, o estudo recomenda que sejam ministrados vários cursos aos catadores de lixo em Maputo. 
Contudo, Dgedge, citado pela AIM, alerta que “os catadores dedicam mais de 12 horas de trabalho a procura de material reciclável como o plástico, papelão, vidro, metais, entre outros. Diariamente recolhem cerca de cinco a 20 quilos de resíduos naquele local”.
O facto constitui, de algum modo, um entrave visto que os catadores de lixo dedicam todo o tempo do seu dia à lixeira.
De acordo com o estudo, os catadores têm esta actividade como a única base de sustento das suas famílias. O elevado índice de desemprego no país não deu outra escolha a estas pessoas, senão catar lixo para posterior venda.
Por isso, a semelhança de outros trabalhadores de outras áreas no país, os catadores levam consigo comida à lixeira (seu local de trabalho) e consomem-na, com vários riscos.
“Os catadores não usam máscaras durante a sua actividade e isso contribui para que eles contraiam várias doenças, como tuberculose, cólera. Há muito fumo na lixeira de Hulene”, disse Dgedge.
O consultor afirmou que “as mulheres dizem que quando a lixeira de Hulene for encerrada vão deslocar-se à outra. Porém os homens dizem que irão arranjar outra base de sustento.”
Um dos impactos que consta do estudo, com o encerramento da lixeira de Hulene, está relacionado com a redução do crime no bairro de Hulene, onde os catadores são marginalizados.
“Um catador de lixo é um marginal ”, lê-se no estudo. 
A fonte revelou que no local têm ocorrido acidentes, com destaque para atropelamentos e quedas, no momento em que os camiões se fazem à lixeira.
Contudo, o estudo não dispõe do número de mortos e feridos na sequência dos acidentes ocorridos em Hulene “ não temos o número de mortos e feridos. Porém sabemos que morrem mais homens e rapazes.” 
“O lixo reciclável, na sua maioria plástico e papel, é vendido às empresas recicladoras, grande parte delas chinesas”, disse Dgedge.
Falando durante o evento, o vereador de salubridade e saneamento, do município de Maputo, Florentino Ferreira, disse que o encerramento da lixeira só será possível daqui há três anos, estando refém da construção do aterro sanitário no bairro de Matlemele, município da Matola.
Avançou ainda que as obras de construção do aterro sanitário poderão iniciar nos finais do ano em curso.
Desde 2013 que está em processo um concurso internacional para o apuramento de um concessionário para a exploração do biogás existente no local e reaproveitamento dos resíduos sólidos por um período de 10 anos.
Em 2014, o Banco de Exportações e Importações da Coreia do Sul concedeu um empréstimo de 48.621 milhões de dólares para a construção de aterros sanitários em Maputo e Matola.
Com o projecto prevê-se a edificação de uma infra-estrutura moderna de deposição e tratamento de resíduos sólidos urbanos, que vai servir as cidades de Maputo e Matola, com uma capacidade estimada de cerca de 1.400 toneladas/dia. 

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