QUENIA/JURISTA ENVOLVIDO NO MASSACRE DE GARISSA
As autoridades quenianas dizem que um dos atacantes que mataram 148 pessoas na Universidade de Garissa, nordeste do país, é um somali de nacionalidade queniana formado em direito, e sublinhaM a capacidade do grupo al-Shabaab, ligado ao al-Qaeda, de recrutar militantes dentro do Quénia.
O porta-voz do Ministério do Interior, Mwenda Njoka, disse que Abdirahim Abdullahi era um graduado em direito pela Universidade de Nairobi e foi descrito por uma pessoa que o conhece bem como um brilhante jurista.
O porta-voz disse ainda que o pai de Abdullahi, um funcionário na localidade de Mandera, no nordeste do país, tinha reportado às autoridades que o seu filho tinha desaparecido e suspeitava que o rapaz tenha ido para a Somália.
Descrevendo Abdullahi como um estudante de grau A, Njoka disse ser extremamente importante que os pais, cujos filhos desapareceram ou que mostrem tendências de ter sido expostos ao extremismo violento, reportem às autoridades.
O Quénia está a cumprir o terceiro dia de luto nacional esta segunda-feira por aqueles que foram mortos no massacre de semana passada, maioria dos quais estudantes.
Centenas de pessoas aglomeraram-se na catedral anglicana de Nairobi este domingo, onde o arcebispo Eliud Wabukala disse que os serviços religiosos da páscoa foram obliterados pelo grande terrível mal e a polícia patrulhava o exterior da igreja.
Estes terroristas querem causar divisões na nossa sociedade, mas nós lhes diremos que o vosso propósito será em vão, disse o arcebispo.
Os militantes do al-Shabaab atacaram a universidade da cidade de Garissa, no nordeste do país, nas primeiras horas de quinta-feira, alinhando estudantes não muçulmanos para serem executados, naquilo que o presidente queniano, Uhuru Kenyatta, descreveu como uma bárbara chacina medieval.
Embora Kenyata tenha prometido retaliar da maneira mais severa possível, tem também havido apelos à unidade nacional.
Ele disse que a justificada fúria do povo não deve levar à vitimização de ninguém- uma clara referência às grandes minorias muçulmanas e somalis no Quénia, onde cerca de 80 por cento da população é cristã.
O massacre, o mais mortífero desde o ataque à embaixada americana em Nairobi, em 1998, causou a morte de 142 estudantes, três polícias e três soldados.
Líderes muçulmanos e cristãos também apresentaram as suas condolências.
O Quénia está em guerra, e nós devemos manter-nos unidos, disse Ole Naado, chefe adjunto do Conselho Supremo dos muçulmanos no Quénia, acrescentando que a sua organização estava a ajudar a angariar fundos pra o funeral das vítimas e despesas médicas para centenas de feridos.
Nós sentimos profunda dor pela perda de jovens vidas, disse em comunicado, alertando que o al-Shabaab está a tentar criar um conflito religioso.
O Papa Francisco classificou os assassinatos de brutalidade sem sentido, enquanto o chefe do grupo muçulmano sunita, Al-Azhar, baseado no Cairo, condenou o acto terrorista cometido pelos somalis do al-Shabaab.
O al-Shabaab ameaçou sábado que vai levar a cabo uma prolongada e impiedosa guerra a menos que o Quénia retire as suas tropas da Somália, e ameaçou ainda um novo banho de sangue.
Poucas horas depois desta ameaça, a policia em Garissa desfilou com quatro cadáveres dos atacantes empilhados uns sobre os outros de face para baixo na traseira de uma carrinha de caixa aberta.
Cinco homens foram detidos em conexão com o ataque, incluindo três coordenadores capturados quando fugiam em direcção à Somália, e dois outros no recinto da universidade.
Os dois detidos no campus incluem um guarda de segurança e um tanzaniano que se encontravam escondidos no tecto e na posse de granadas, disse o ministério do Interior.
As autoridades quenianas oferecem uma recompensa de cerca de 200 mil Euros por informações que levem à detenção do alegado comandante do al-Shabaab, Mohamed Mohamud, antigo professor queniano, suposto cérebro por detrás do ataque à universidade.
O al-Shabaab foi forçado a abandonar a sua principal base em Mogadiscio, a capital da Somália em 2011, e continua a lutar contra a força de manutenção da paz da União Africana, AMISOM, que inclui tropas do Burundi, Djibuti, Etiópia, Quénia e Uganda.
O grupo realizou uma série de ataques de retaliação em países vizinhos, principalmente ao Quénia e ao Uganda, em resposta à sua participação na força da UA.
Os militantes do al-Shabaab também reivindicaram o ataque ao centro comercial de Wesgate, em Nairobi, em Setembro de 2013, que fez pelo menos 67 mortos.
Investigadores da medicina legal, auxiliados por peritos na matéria, continuaram no recinto da universidade, onde um estudante sobrevivente saiu de um guarda-roupas este sábado onde esteve escondido por mais de dois dias.
Os restantes 600 sobreviventes traumatizados estudantes do colégio, agora encerrado, foram retirados de Garissa, e transportados em autocarros para as suas cidades natais.
Mais de 200 familiares dos perecidos continuam a sua agonizante espera pelos restos mortais dos seus entes queridos na principal morgue de Nairobi.
Um deles é Abraham Koech, de 50 anos de idade, que a última vez que ouviu a voz da filha foi quando ela lhe telefonou, quinta-feira, dizendo que chegaram os terroristas e estou escondida debaixo da cama.
Koech disse ser difícil identificar os cadáveres porque as balas deformaram as cabeçasdas vítimas.
Tem havido crescentes críticas nos media que dizem que sérios alertas dos serviços de inteligência não foram atendidos, e que unidades das forças especiais levaram sete horas para chegar à universidade, que fica a cerca de 365 quilómetros da capital.
A MinistrA dos Negócios Estrangeiros, Amina Mohamed, defendeu a reacção das forças especiais dizendo que lutar contra o terrorismo...é como um guarda-redes. Tu podes defender 100 vezes e ninguém se lembra. Eles só se lembram da única vez que a bola passa.
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