REI ZULU ATACA MINISTRO DO INTERIOR E JORNALISTAS POR DISTORCEREM SEU DISCURSO

13-04-2015 17:44

O rei Zulu, Goodwill Zwelithini, acusa o Ministro do Interior da África do Sul, Malusi Gigaba, de usar “exageradamente” o seu poder politico, descrevendo-o de um semi-deus, e a comunicação social local de estarem alegadamente a distorcer os seus comentários sobre a alegada expulsao de estrangeiros, incluindo moçambicanos, que têm exarcebado a tensão xenófoba na província do KwaZulu-Natal.

Gigaba, membro do governo indicado pelo Presidente Jacob Zuma para pôr fim aos ataques xenófobos na região do KwaZulu-Natal, apelou as autoridades no país para se distanciarem de comentários inflamatórios.
Dirigindo-se este fim-de-semana a imigrantes destituidos dos seus locais de residência, Gigaba sublinhou que “os nossos dirigentes têm a responsabilidade de usar palavras construtivas e não destrutivas”.
Gigaba estava implicitamente a referir-se a um discurso feito por Zwelithini, o mês passado, quando alegadamente apelou para a deportação de estrangeiros, incluindo mocambicanos, cuja emigracao a Africa do Sul e' secular.
O rei zulu negou categoricamente que tenha apelado para a expulsão dos imigrantes. Zwelithin afirmou que “estes dirigentes não deviam agir como se estivessem a juntar gado”.
“Peço a líderes políticos que nos devíamos respeitar. A democracia não deve fazer-nos sentir como semi-deuses. Embora todo o sul-africano tenha o direito a comentar sobre 'ubukhosi' (que significa realeza), não vou permitir que seja insultado por pessoas que pensam que, por causa dos cinco anos dados pela misericórdia de eleitores, agora são semi-deuses e que devem ser adorados”, reagiu o rei Zwelithini. 
“Peco que os políticos que comentaram sobre o que eu disse sobre estrangeiros devem fazê-lo com conhecimento de causa. Devem perguntar ao Ministro da Polícia, Nathi Nhleko, para saberem exactamente o que eu disse, uma vez que fi-lo a seu convite. As pessoas não devem comentar só porque estão diante de microfones e câmaras”, sublinhou.
A comunicação social sul-africana não foi poupada pelo soberano. Ele acusou empresas jornalísticas de distorcerem o seu discurso com claro intuito, segundo Zwelithini, de aumentarem as suas vendas.
“Advirto aos media para não queimarem o país, porque quando a Africa do Sul estiver a arder irão esconder-se em baixo das saias das vossas mães”, atacou.
Afirmou que em vez de apelarem aos imigrantes para deixarem o país, os sul-africanos deviam tomar os seus instrumentos de trabalho, de modo a produzir comida. 
Reiteradamente, disse que a comunicação social reportou mentiras acerca do seu pronunciamento. “Para incrementarem as vendas e receitas, os jornais devem mentir. São eles que estão a causar mortes. Eles não nos amam. São piores que o regime do Apartheid”, vincou.
Zwelithini acrescentou que “para melhorarem as vendas, os media criam controvérsias. Eles não escrevem notícias construtivas”.
Fez menção da violência dos anos de 1990 que, segundo o rei Zwelithini, foi exacerbada pela comunicação social.
Apesar de ter havido evidência de que a tensão era entre o “Inkatha”, do príncipe zulu Mangosuthu Buthelezi, e apoiantes do “Congresso Nacional Africano” (ANC), no poder, causada por uma terceira força, os media disseram que as escaramuças eram entre os zulus e khosas.
Referiu que “a distorção teve êxito porque o 'pai' do meu povo foi morto”. Aqueles dias, de acordo com Zwelithini, “as vendas de todos os jornais aumentaram. Enquanto descreverem acerca deste monstro chamado zulus ou ngunis, que estão a se matar, tornamo-nos monstros de todo o mundo”.
O rei negou que tenha declarado guerra contra estrangeiros e apelou aos zulus para obedecerem a lei e absterem-se da violência.
A dado momento, aconselhou aos zulus para que não permitam provocação. “O meu conselho é que devem obedecer a lei”, frisou, acrescentando que “se tivesse declarado guerra, a África do Sul estaria em cinzas”.
Apesar de Zwelithini se distanciar da violência, o jornal Mercury, editado em Durban, confirmou ter gravado o discurso do rei, no qual falou da expulsão de estrangeiros.
Pelo menos sete estrangeiros, incluindo dois moçambicanos, foram mortos, e milhares de outros viram-se obrigados a abandonar os seus locais de residência, devido a violência, que se espalhou para vários pontos do KwaZulu-Natal.
O governo sul-africano está a concluir um plano com vista a estabilizar as áreas afectadas pela tensão xenofoba.
O referido plano vai permitir a permanência de estrangeiros que pretendam continuar a viver na África do Sul e ajudar aos que desejam regressar as origens.
Mais de 1 500 estrangeiross encontram-se acomodados num campo de futebol em Chatsworth, onde diariamente chegam mais imigrantes, na sua maioria de Moçambique, Tanzania, Zimbabwe e Malawi.

PINC NOTICIAS