RENAMO AMEAÇA CRIAR QUARTEL-GENERAL EM MUXÚNGUÈ

06-04-2015 20:54

A Renamo, o maior partido da oposição em Moçambique, ameaça criar um quartel-general general no posto administrativo de Muxúnguè, província central de Sofala, caso as suas opiniões sejam rejeitadas a nível do diálogo político.

A informação foi avançada pelo chefe da delegação do governo José Pacheco, em conferência de imprensa, no término da 100ª ronda do diálogo político, havida esta segunda-feira, em Maputo. 
“Hoje(segunda-feira), fomos surpreendidos pela delegação da Renamo, em sede do diálogo, quando declarou que vai estabelecer um quartel-general em Muxúnguè se o governo não aceitar as suas opiniões. Este posicionamento vai de encontro com aquilo que ouvimos do líder da Renamo nos vários discursos dele”, disse o chefe da delegação do governo.
“Não sei se com este quartel-general a Renamo vai tirar os seus elementos que estão nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique”, acrescentou.
Pacheco, que também exerce o cargo de ministro da agricultura e segurança alimentar, frisou que mesmo com estas ameaças o governo mantém-se firme no seu compromisso com a paz. 
Contudo, “se a Renamo pôr a integridade física dos moçambicanos em causa e a soberania, as Forças (de Defesa e Segurança) saberão, como no passado, defender-se. O povo unido do Rovuma ao Maputo do Zumbo ao Índico saberá também defender-se. Só em situação de ataques poderão ser accionados os mecanismos de defesa”, acrescentou.
Sobre a despartidarização do aparelho do Estado, o terceiro ponto da agenda do diálogo político, o ministro revelou que ainda prevalece um impasse.
O facto deve-se a insistência ada Renamo na introdução de uma cláusula que impede os servidores públicos, incluindo o Presidente da República e dirigentes por ele indicados, de realizar actividades político-partidárias durante o período laboral nas instituições do Estado.
“Mas nós, mais uma vez, deixamos claro que se há um manifesto eleitoral de um partido e de um candidato ele (o candidato) não pode ser impedido de articular com o seu partido sobre a execução do seu manifesto”, disse. 
Por seu turno o chefe da delegação da Renamo, Saimone Macuiana, distanciou-se das declarações de Pacheco sobre a intenção daquele partido da oposição instalar um quartel-general em Muxúnguè.
“As declarações do ministro Pacheco são da sua inteira responsabilidade”, disse Macuiana, citado pela AIM.
Perante a insistência da imprensa que queria saber se durante o encontro teria sido efectivamente abordada a questão do referido quartel-general, Macuiana limitou-se a responder “se não nos querem a aqui nós estaremos noutro sítio.” 
Refira-se que as Forças de Defesa e Segurança (FDS) tomaram em 2013 a base da Renamo em Muxúnguè. Depois seguiu-se a uma série de conflitos militares entre as FDS e os homens armados daquele antigo movimento rebelde que terminaram após a assinatura do acordo de cessação de hostilidades entre o então Presidente moçambicano, Armando Guebuza, e líder da Renamo, Afonso Dhlakama.

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