SUL-AFRICANOS E IMIGRANTES CONFRONTAM-SE EM DURBAN
A cidade de Durban, capital económica do KwaZulu-Natal, foi, terça-feira, palco de confrontos, com multidões de sul-africanos a vandalizarem e pilharem lojas e bens pertencentes a estrangeiros, incluindo moçambicanos, que se viram forçados a retaliarem os ataques, que se alastram há três semanas, não obstante promessas das autoridades de porem cobro a violência.
A violência xenófoba, caracterizada por assaltos e saques a lojas de estrangeiros, forçou a polícia a encerrar o centro da cidade.
Os confrontos ocorreram pouco depois do Ministro sul-africano do Interior, Malusi Gigaba, garantir a diplomatas de Moçambique, Nigéria, Somália, Malawi e Etiópia que os cidadãos estrangeiros seriam protegidos.
Não obstante o recrudescimento da violência, as autoridades ligadas a segurança e justica consideram que tudo esta sob controlo e que 'não ha xenofobia' e que a onda de tensão que se verifica ' é ideologica'.
A onda de violência xenófoba na cidade de Durban ja causou a morte de pelo menos cinco imigrantes, incluindo dois moçambicanos.
Os ataques afectaram outras áreas de KwaZulu-Natal e polícia está desde a noite de terça-feira em estado de alerta máximo no centro da cidade de Durban.
Milhares de imigrantes foram explusos dos seus locais de residência em áreas de Isipingo, Chatsworth, Umlazi, KwaMashu e Sydenham, e actualmente encontram-se acomodados em campos de trânsito.
Armados com machados, enxadas e paus, cerca de mil imigrantes queimaram pneus, preparando-se para se defenderem dos atacantes.
Gigaba, que está a dirigir uma equipa multisectorial para pôr cobro a situação, garantiu que a polícia fará tudo ao seu dispor, com vista a acabar com a violência. Vamos detê-los e julgá-los, prometeu.
Posso dizer-vos agora que não é xenofobia, mas sim 'afrofobia' e estamos a controlar a situação, disse o Ministro da Polícia da Africa do Sul, Nkosinathi Nhleko.
Instado a esclarecer a razão do governo negar usar o termo xenofobia, Nhleko referiu que a violência não estava a envolver todos os estrangeiros. É africano contra africano. Não é contra outras nacionalidades.
Sobre ataques contra paquistaneses e bengales em Soshanguve, a norte de Pretória, o governante afirmou que a violência tinha motivações ideológicas.
Ingrid Palmary, professor no Centro Africano para Migração e Sociedade da Universidade da Wits, descreveu os comentários feitos pelos governantes de frustrantes.
O facto de atacarem estrangeiros, apesar de não serem todos eles, não significa que não e' xenofobia, disse, sublinhando que a violência continua por causa do sentimento anti-estrangeiro.
Trish Erasmus, chefe do programa de Advogados para os Direitos Humanos e dos Imigrantes, criticou o pronunciamento de Nhleko de que a situação estava sob o controlo e a que a violência era ideológica.
Lembro que o antigo Prersidente sul-africano, Thabo Mbeki, prometeu, em 2008, que o país iria fazer tudo ao seu dispor, com vista a prevenir futuros ataques xenófobos, disse.
Mas desde então, de acordo com Erasmus, ataques contra estrangeiros, na sua maioria dos Estados vizinhos, incluindo Moçambique, ocorreram por várias vezes no país.
À semelhança do governo do Presidente Jacob Zuma, o Executivo de Mbeki também negou usar o termo xenofobia.
PINC NOTICIAS