SUL-AFRICANOS E IMIGRANTES CONFRONTAM-SE EM DURBAN

15-04-2015 17:09

A cidade de Durban, capital económica do KwaZulu-Natal, foi, terça-feira, palco de confrontos, com multidões de sul-africanos a vandalizarem e pilharem lojas e bens pertencentes a estrangeiros, incluindo moçambicanos, que se viram forçados a retaliarem os ataques, que se alastram há três semanas, não obstante promessas das autoridades de porem cobro a violência.

A violência xenófoba, caracterizada por assaltos e saques a lojas de estrangeiros, forçou a polícia a encerrar o centro da cidade.
Os confrontos ocorreram pouco depois do Ministro sul-africano do Interior, Malusi Gigaba, garantir a diplomatas de Moçambique, Nigéria, Somália, Malawi e Etiópia que os cidadãos estrangeiros seriam protegidos.
Não obstante o recrudescimento da violência, as autoridades ligadas a segurança e justica consideram que “tudo esta sob controlo” e que 'não ha xenofobia' e que a onda de tensão que se verifica ' é ideologica'.
A onda de violência xenófoba na cidade de Durban ja causou a morte de pelo menos cinco imigrantes, incluindo dois moçambicanos.
Os ataques afectaram outras áreas de KwaZulu-Natal e polícia está desde a noite de terça-feira em estado de alerta máximo no centro da cidade de Durban.
Milhares de imigrantes foram explusos dos seus locais de residência em áreas de Isipingo, Chatsworth, Umlazi, KwaMashu e Sydenham, e actualmente encontram-se acomodados em campos de trânsito.
Armados com machados, enxadas e paus, cerca de mil imigrantes queimaram pneus, preparando-se para se defenderem dos atacantes.
Gigaba, que está a dirigir uma equipa multisectorial para pôr cobro a situação, garantiu que a polícia fará tudo ao seu dispor, com vista a acabar com a violência. “Vamos detê-los e julgá-los”, prometeu.
“Posso dizer-vos agora que não é xenofobia, mas sim 'afrofobia' e estamos a controlar a situação”, disse o Ministro da Polícia da Africa do Sul, Nkosinathi Nhleko.
Instado a esclarecer a razão do governo negar usar o termo xenofobia, Nhleko referiu que a violência não estava a envolver todos os estrangeiros. “É africano contra africano. Não é contra outras nacionalidades”.
Sobre ataques contra paquistaneses e bengales em Soshanguve, a norte de Pretória, o governante afirmou que a violência tinha motivações ideológicas. 
Ingrid Palmary, professor no Centro Africano para Migração e Sociedade da Universidade da Wits, descreveu os comentários feitos pelos governantes de “frustrantes”.
“O facto de atacarem estrangeiros, apesar de não serem todos eles, não significa que não e' xenofobia”, disse, sublinhando que a violência continua por causa do sentimento anti-estrangeiro.
Trish Erasmus, chefe do programa de Advogados para os Direitos Humanos e dos Imigrantes, criticou o pronunciamento de Nhleko de que a situação estava sob o controlo e a que a violência era ideológica.
“Lembro que o antigo Prersidente sul-africano, Thabo Mbeki, prometeu, em 2008, que o país iria fazer tudo ao seu dispor, com vista a prevenir futuros ataques xenófobos”, disse.
“Mas desde então”, de acordo com Erasmus, “ataques contra estrangeiros, na sua maioria dos Estados vizinhos, incluindo Moçambique, ocorreram por várias vezes no país”.
À semelhança do governo do Presidente Jacob Zuma, o Executivo de Mbeki também negou usar o termo xenofobia.

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